quinta-feira, 16 de julho de 2009

POR QUEM, POR QUE O CORAÇÃO BATE,JOSÉ?


O homem que deita ao meu lado não é o de sempre. Talvez por sua profissão possa mudar todo dia, mas não é o de sempre. Foge da conversa da sala por um livro que talvez seja melhor que qualquer conversa. Hoje e agora ele está sozinho com um livro e música, o que quer mais da vida? Boa pergunta que talvez, ao parar de ler por uns minutos, o homem esteja por perguntar-se.
O homem que só escuta e pouco fala tem suas vidas. Eu tenho a minha, única e inconstante, mas não esse que estende seu corpo, como se pensasse: para que amar de novo? Suas vidas são transparências de seu caminho.
O computador não me deixa nenhuma alternativa, senão a de descrever o momento. E o homem me olha como se não soubesse o que virá, e pede para que escreva uma nova vida para ele. Não posso, não tenho esse dom, se tivesse, reescreveria a minha gora mesmo. Pois sempre me falta algo.
Sempre falta algo ‘a todos. Quando procuramos alguma coisa e achamos, já estamos em outro lugar, mundo, destino. Queremos mais, sempre mais. E assim, a vida se enche de objetivos e nos deixamos viver ao coração, dúvida ou molestas.
O homem não quer mais o livro, aprendeu tudo? Não tudo, mas o suficiente por hoje. Olha para meus pés como se oferecesse um pouco de estrada, e olha para meus dedos que munem minhas idéias, querendo saber que projetos minha mente irá desatar agora.
Agora não há mais horas, dias ou anos. Estamos trancados nesse quarto sem vida. Parados no tempo com nossos próprios pensamentos. Aqueles secretos que nem mãe descobre. Sonhos, ilusões talvez, mas trancados como o presidiário que matou o amor que não queria perder. Estou presa nos pensamentos do homem e ele nos meus. Nem uma palavra, mas para que palavra? Para que serviria se não queremos dizer nada. Eu apenas escrevo e ele apenas observa.
O tempo, que estava perdido, invade minhas horas vagas como um furacão. Tenho que ir. Deixarei o quarto, deixarei os pensamentos, deixarei o homem.
“ O homem entendeu que as feridas de seus heróis são mais profundas. Seu coração, uma vez capaz de inspirar os outros, não inspirava a si mesmo. Só batia por costume, só batia porque batia”
Fique com o quarto, livro, a música, mas não esqueça do coração, que deve bater por qualquer razão, não por costume, não por bater. O meu ás vezes parece que nem bate, mas não é por isso que deixarei de entrar nesse quarto, verificar se seu cheiro no travesseiro ficou e pensar na sua nova vida, aquela em que seu coração tem milhões de motivos para bater.
Ciau, a mulher aqui deve seguir viagem.

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