sábado, 1 de agosto de 2009

A Fernanda, a cadeira e o Príncipe


Sabe aquelas historias de amor tiradas de Shakespeare? Pois é, esse tipo de historia era o que Fernanda queria para sua vida. Não tão cheia de Romeu e Julieta, mas algo parecido. Nanda sempre achou que isso poderia não acontecer. Que ficaria a espera do príncipe. Sentaria em sua bela cadeira e viria tv por mais vinte anos.

Vinte anos? Não a conheço tanto tempo assim. Não sou a amiga de infância e sim de confidências. Junto com os filmes que víamos no cinema, estava a sensação de procura. Eu sempre fui aquela de procurar para não achar. Não procurava e se encontrava, perdia.

Até que um belo dia, quero dizer, uma bela noite, o príncipe resolveu chegar e fez isso sem aviso algum. Arrastou todo o vento da sala. Desligou a televisão, tirou a cadeira do lugar e perguntou para Fernanda se ela queria continuar a vida. E não é que ela aceitou? Sem a dúvida, sem o medo de perder. Nada a fez parar.
Por isso, todos os dias que passo perto do seu apartamento, sinto um cheiro de renovação no ar. Aquele frescor, vindo de longe e trazendo a certeza do conto de fadas.
André não veio para Fernanda em nenhum cavalo branco, não recitou nenhum verso de Neruda, mas chegou exatamente na hora certa. Não poderia ser mais pontual. Chegou cantando. Não sei a musica, mais foi algo assim. Nas conversas, no amor e no próprio cotidiano, a vida de Fernanda foi se encaixando. Não desligou a tv, mas a compartilhou. O vento continuou na sala, ajudando a circulação do ar. E a velha cadeira? Essa eu peço emprestado agora.

foto: Fernanda e André

Nenhum comentário:

Postar um comentário

grita!!!